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Vinte anos sem Tim Lopes, jornalista morto ao investigar violências contra crianças e adolescentes


Foto: Tim Lopes - Wikimedia Commons

São 20 anos sem Tim Lopes. Neste dia dois de maio de 2022, completa-se duas décadas em que o jornalista foi torturado e morto enquanto exercia a sua profissão. Ele foi assassinado ao produzir uma reportagem sobre abuso e exploração de crianças e adolescentes e o tráfico no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Sete homens foram acusados pelo crime, todos envolvidos com a venda e distribuição de drogas. Dois destes morreram, um está preso e outros quatro em liberdade.


Preocupado em manter a função social do jornalismo acesa, Tim Lopes estava acostumado a fazer investigações diversas, às vezes utilizando-se de personagens e codinomes, para denunciar violações aos direitos humanos. Infelizmente, teve sua vida ceifada ao tentar retratar um tema tão perverso e silencioso: às violências sexuais sofridas por meninas e meninos.


Enquanto ONG, que trabalha há 32 anos com a proteção das populações vulnerabilizadas, e que atua com o Programa Direitos da Criança e do Adolescente, o Centro Dom Helder Camara sente a morte de Tim como um golpe ao jornalismo e a proteção dos Direitos Humanos, em especial de meninas e meninos.


Durante os meses em que pandemia estava mais severa, crianças e adolescentes se viram isolados com seus abusadores, uma vez que a maior parte destes crimes acontece dentro da casa da vítima. Com as escolas fechadas as queixas diminuíram, porque são nesses espaços que elas e eles veem um canal de denúncia. Mas os problemas não aliviaram com o relaxamento das medidas sanitárias, a crise da Covid-19 e a má gestão política causaram o aumento do desemprego e da fome em todo o país, impactando na exploração sexual de infâncias e adolescências, que passam a ter seus corpos como moeda de troca, a fim de conseguir alimentos ou dinheiro para suas famílias.


Com apoio de organizações internacionais, como Freedom Fund, Kindernothilfe e Pão para o Mundo (Brot für die Welt) o Cendhec desenvolve ações de orientação e acompanhamento psico-social e jurídico para crianças e adolescentes vítimas de violência sexual; elabora campanhas e formações para meninas, meninos, familiares e diversos profissionais sobre prevenção e enfrentamento desse tipo de violência; e também atua em espaços de controle social, a exemplo de Conselhos de Direito e outros espaços próprios da sociedade civil, no sentido se fazer presente na formulação e monitoramento de políticas públicas de garantia dos direitos deste contingente.


Desde 2020, ano em que o Cendhec completou três décadas de existência, passou a desenvolver também ações de ajuda humanitária. O contexto sócio-político, econômico e pandêmico no Brasil exigiu desse Centro de Defesa dos Direitos Humanos, esse tipo de ação. A ajuda humanitária, nesse momento, além de garantir o direito humano à alimentação, tem protegido meninas e meninos da situação de rua, do trabalho infantil e de serem exploradas(os) sexualmente, em troca de prato de comida.


Os deslizamentos de barreiras e enchentes que acometeram Pernambuco nos últimos dias, que configuram a maior tragédia da história no estado, também deixará cicatrizes profundas e mexe com a proteção de crianças e adolescentes, que perderam casas, bens e parentes durante as cheias


É ao acompanhar tantos casos de violações que temos a dimensão da importância de pautar Direitos Humanos, de levar à população informação e proteção. De falar sobre algo que é subnotificado, que não é exposto, que é guardado como segredo e que machuca tantas crianças e adolescentes. É neste contexto a morte de Tim Lopes dói ainda mais.


Homenagens


No Rio de Janeiro, além de exposição de fotos, em frente à Câmara dos Vereadores, e uma missa, no Santuário Cristo Redentor, jornalistas participarão de um ato em memória do colega de profissão. O evento será realizado na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em parceria com a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), com a Associação Brasileira de Jornalistas Investigativos (Abraji) e com o Sindicato de Jornalistas do Município do Rio de Janeiro.


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