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Queremos nascer, queremos viver: Justiça por Dom e Bruno


Usar o corpo e voz em defesa dos direitos humanos é sinônimo de morte no Brasil. Estima-se que uma/um ativista é assassinada/o a cada 8 dias no país, de acordo com levantamento da Organização das Nações Unidas. Estamos em quarto lugar no ranking que lista mortes de defensores do meio ambiente em todo o planeta, atrás apenas da Colômbia, México e Filipinas.


Figuramos ainda a “Zona Vermelha”, quando o assunto é a violência praticada contra jornalistas e a liberdade de imprensa. Segundo pesquisa divulgada pela Federação Nacional dos Jornalistas, em janeiro deste ano, os crimes contra comunicadoras/es bateram recorde em 2021, com 430 casos registrados. Pelo menos 147 das agressões partiram do presidente Jair Bolsonaro.


As mortes do indigenista pernambucano Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips são exemplos claros do descaso e violência ao qual estes grupos estão submetidos. Ambos foram cruelmente assassinados enquanto tentavam cumprir sua missão em vida: a proteção dos direitos daquelas e daqueles a quem são negados, diariamente, humanidade.

Bruno, há mais de nove anos, lutava pela preservação do Vale do Javari, santuário ecológico, com cerca de 8,5 milhões de hectares, no qual vivem seis etnias indígenas diferentes e pelo menos 16 grupos isolados. Local ameaçado pela grilagem, por invasores, colonizadores, caçadores e pescadores ilegais.


Dom escrevia para o jornal 'The Guardian' e terminava livro 'Como salvar a Amazônia?'. Em reunião com o presidente da república chegou a questionar quais ações seriam tomadas para preservar a região. Com a intenção de compartilhar e democratizar conhecimentos, o britânico também prestava trabalho voluntário como professor de inglês em uma comunidade de Salvador.


Os ativistas se juntam à extensa e triste lista de defensores e defensoras dos direitos humanos mortos em solo brasileiro, na qual temos irmã Dorothy, Chico Mendes, Emyra Wajãpi, Marielle Franco, Tim Lopes, Paulo Paulino Guajajara e tantos outros nomes que se dedicavam à uma sociedade justa e igualitária.


Passamos por tempos sombrios e ataques constantes. Enquanto centro de defesa, sentimos a partida de cada uma dessas vozes caladas e forças tolhidas. Mas carregamos no peito, e como missão, a vontade de fazer com que suas lutas não tenham sido em vão. Elas e eles deixam, na terra e nas pessoas que protegeram com tanto afinco, sementes de esperança, revolta e revolução que irão germinar.

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