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Projeto Teia de Proteção: meninas, meninos e famílias longe do abuso sexual e violência doméstica




Nas últimas semanas, o Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social realizou oficinas com famílias, crianças, adolescentes, organizações sociais e demais integrantes da Rede de Proteção da Região Político Administrativa VI A (RPA6A), composta pelos bairros Boa Viagem; Brasília Teimosa e Pina. Os encontros foram ministrados por meio do projeto Teia de Proteção, do Cendhec, financiado pela associação alemã Kindernothilfe, e tinham como objetivo ouvir moradoras e moradores do Bode, no Pina, para a construção de novas inciativas e ações em prol desta Zona Especial de Interesse Social.


Localizada na Zona Sul e vizinha de Boa Viagem, detentora do metro quadrado mais caro do Recife, a comunidade do Bode possui 12.000 habitantes, que vivem em uma extensão territorial de 1 km², de acordo com a prefeitura da Cidade. Em pesquisa realizada pelo Coletivo Pão e Tinta, em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco, foi identificado que há 600 pessoas vivendo em palafitas, cobertas por lona e lata, e 87% destas moradias não têm sequer água encanada e/ou saneamento básico. Pelo menos 97% dos núcleos familiares do local são indicados como muito pobres, e grande parte sobrevive da pesca. Com a persistência da pandemia e agravamento da crise econômica, estas pessoas sentiram a sua qualidade de vida piorar.



Com o Projeto Teia de Proteção, o Cendhec chega ao lugar para debater, de forma lúdica, sobre autoproteção e o enfrentamento das violências sexuais e domésticas. Em oficinas, dinâmicas e rodas de conversa, as assistentes sociais, pedagogas, advogadas, psicólogas e demais integrantes do centro promovem uma escuta ativa desta população, colaborando com ações de educação e independência financeira de famílias. Afim de proteger o direito à alimentação e à saúde, o Centro distribuiu, em 2020 e início deste ano, cestas básicas, kits de higiene/limpeza e máscaras de algodão para as comunidades nas quais tem atuação, entre elas o Bode.


Para que novas melhorias e ações humanitárias venham, é imprescindível a participação popular. No dia 06 deste mês, o Cendhec se reuniu, por Google Meet, com a Rede de Proteção da RPA6A; e no dia 07, foram ouvidas as Organizações Sociais do Pina. Na terça-feira, dia 13, foi a vez das crianças. Com álcool em gel e distanciamento social, sete meninas e meninos participaram da dinâmica. No dia 14 e 15, adolescentes e famílias, respectivamente, conversaram com as profissionais do Cendhec de forma online. “Estas oficinas acontecem para que possamos ouvir as reais necessidades e expectativas da comunidade. Desta forma, podemos desenhar, com a Kindernothilfe, novas iniciativas em prol de crianças, adolescentes e famílias”, explica Mona Mirella Marques, coordenadora do projeto Teia de Proteção. “Com essa interação, percebemos a lógica de direitos, sobretudo quais são os seus principais entraves e desafios. Quem e quais são as ações e as organizações que apoiam as crianças e os adolescentes da comunidade, o que é preciso pra para garantir direitos no bairro do Pina. A pandemia dificulta a interação com as pessoas, mas estamos conseguindo realizar as ações respeitando a necessidade do isolamento e distanciamento. Por sinal, esta é uma questão que abordamos nas oficinas, dos cuidados que devemos ter em meio a pandemia e a importância da vacina.”



Cientista Social, pesquisadora e mãe de Caio, Maria Rocha é moradora da Comunidade do Bode e integra o Coletivo Pão e Tinta. Ao viver no Pina e participar de uma organização de proteção aos Direitos Humanos, foi uma importante voz durante o encontro. “As famílias moradoras convivem cotidianamente com a especulação imobiliária e a ausência do Estado (ou com sua presença violenta representada pelo braço armado da Polícia Militar). Uma das causas defendidas por nosso coletivo é a garantia de moradia digna para o povo da favela. Com um número expressivo de famílias morando em palafitas, a defesa real da criança e do adolescente não pode deixar de trazer como pauta a questão da habitação. Foi massa poder contar com a escuta atenta da equipe do CENDHEC e com a contribuição das nossas parceiras e parceiros de luta que estiveram presentes na reunião”, comenta. “A existência de espaços educativos e culturais presentes na Comunidade do Bode tem trazido esperança em dias melhores e garantido o afastamento de crianças e adolescentes de situações de risco. Esperamos com o Projeto Teia de Proteção, construir uma ponte com o Cendhec a caminho da garantia de Direitos da Criança e do Adolescente em nossa comunidade.”


Maria comunga da vivência de diversas mulheres da comunidade, assumindo a responsabilidade de gerir a casa, trabalho e a família. “Para nós, mulheres chefes de família e mães solo, garantir o sustento e ocupar espaços de construção política é um corre, com ou sem pandemia. Mas é um fato que com o fechamento das escolas e creches municipais muitas de nós ficaram sem alternativas de um espaço de cuidado e desenvolvimento para as nossas crias. Em relação as atividades do coletivo, desde o início da pandemia os esforços foram direcionados conter o avanço do covid-19. O que vai desde a distribuição de cestas básicas e produtos de limpeza até criação de conteúdo informativo acessível. Pela primeira vez em 10 anos o Encontro Internacional de Artes Pão e Tinta precisou ser adiado e realizado online. Sabemos da importância do evento para a comunidade, pela aproximação dos jovens, revitalização dos espaços e até mesmo por acelerar a economia local”, diz.



No Brasil encontramos mais de 11 milhões de mulheres que são mães solo. No nosso país, o oitavo mais desigual do mundo, durante a pandemia quase 8,5 milhões de mulheres saíram do mercado de trabalho, e sua participação caiu a 45,8%, o nível mais baixo em três décadas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estes são fatores que desestabilizam a saúde financeira de núcleos familiares, que na maioria dos casos já se encontravam em situação de miséria. Ainda de acordo com o IBGE, pelo menos 56,9% das famílias chefiadas por mulheres com filhos vivem abaixo da linha da pobreza.


Entre elas está Luciene Felix da Silva, de 45 anos e moradora do Bode, que também é responsável pela educação do filho e por sua própria fonte de renda. Luciene é um exemplo do porquê o projeto Teia deve continuar; e a quem ele quer atender. “A pandemia está dando pra levar. No começo foi mais difícil, tenho um filho e sou mãe solteira, a loja que eu trabalhava fechou, então fui demitida. Mas as Ongs ajudam, sempre que tem cesta básica entregam para as mães”, comentou, relembrando das ações humanitárias feitas pelo Cendhec. Luciene também participou da atividade na última semana. “Senti que fui ouvida durante a reunião e ainda fiz umas perguntas. Falei sobre a violência contra adolescentes na área, sobre o nosso posto de saúde, que é péssimo, e sobre as poucas opções de lazer para as pessoas daqui. Tem meninos que ficam no celular, mas outros vão para rua”, apontou. “Seria ótimo ter mais encontros do tipo.”





Mês dos Estatutos


Julho é um mês especial para a proteção e garantia dos Direitos Humanos. No último sábado, dia 10, celebramos o aniversário de 20 anos do Estatuto da Cidade do Recife e na terça-feira, dia 13, completamos 31 anos da assinatura do Estatuto da Criança e do Adolescente.


A fim de solenizar estas duas importantes datas, o Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social (Cendhec), por meio dos programas Direito à Cidade e Direitos da Criança e do Adolescente, realiza o Mês dos Estatutos, que consiste em uma série de ações voltadas para o fortalecimento da cidadania. Até o dia 31 de julho realizaremos o lançamento de livros, oficinas, uma exposição e publicaremos matérias sobre as pautas.


Confira:



* 25 de Julho: Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha


O Cendhec publicará uma lista de indicações de livros, filmes e músicas produzidas por estas mulheres


* 26 de Julho: Lançamento do site Afrontosas


Apoiado pelo Fundo Malala, o site abordará gênero e políticas públicas para meninas


* 31 de Julho: Exposição Vila Independência


Exposição fotográfica realizada em Vila Independência, ocupação em Nova Descoberta, em colaboração com os moradores da área


Saiba mais sobre as ações que já foram realizadas:







O Cendhec



O Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social, organização não governamental sem fins lucrativos, tem por objetivo defender e promover direitos às crianças, adolescentes, moradoras e moradores de assentamentos populares e grupos socialmente excluídos. Na vanguarda dos direitos humanos e inspirados pelos ensinamentos de Dom Helder Camara, líder que dedicou sua vida à proteção de pessoas vulnerabilizadas, principalmente durante regimes totalitários, temos por missão contribuir para a transformação social, rumo a uma sociedade democrática e popular, equitativa, que respeite as diversidades e sem violência. Para contribuir com as ações desse centro tão importante para os Direitos Humanos, faça uma doação:


Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social


Banco 237 – Bradesco S.A.


Agência: 1230-0


Conta Corrente: 39630-3


Código Iban: BR86 6074 0123 0000 0396 303c 1


Código Swift: BBDEBRSPRCE


CNPJ. 24.417.305/0001-61

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