top of page
Cendhec

Peça teatral "Cangaceiras, guerreiras do sertão" chega ao Recife


Foto: Adriano Dória/Divulgação

O espetáculo Cangaceiras, guerreiras do sertão estreou em abril de 2019, em São Paulo. Por causa da pandemia e os isolamentos necessários para conter a Covid-19, as artistas precisaram fazer uma pausa nas apresentações. Porém, com a diminuição dos casos da doença e a reabertura de espaços culturais, uma nova turnê tornou-se viável. A partir desta sexta-feira (06), até domingo (08), é possível assistir à peça no Recife. O grupo estará no Teatro de Santa Isabel, centro da Cidade, e faz sua estreia às 21h. Os ingressos vão de R$ 40 a R$ 100 reais.


A obra é inspirada em depoimentos de mulheres que retratam a vida no Cangaço e exaltam o vigor feminino. “A trama narra a história de um grupo de mulheres que se rebelam contra mecanismos de opressão encontrados dentro do próprio Cangaço, e encontram, umas nas outras, a força para seguir. Além de reflexões sobre o conceito de justiça social que o Cangaço representava, o espetáculo também reflete sobre as forças do feminino nesse espaço de libertação e sobre a ideia de cidadania e heroísmo”, traz a sinopse.


O texto é de Newton Moreno, dirigido por Sergio Módena e direção musical de Fernanda Maia. O elenco é formado por Marco França, Vera Zimmermann, Luciana Ramanzini, Luciana Lyra, Rebeca Jamir, Jessé Scarpellini, Marcello Boffat, Milton Filho, Pedro Arrais, Lola Fanucchi, Nábia Villela, Carol Bezerra e Eduardo Leão.



Luciana Lyra está no elenco da peça. Foto: Arquivo pessoal

Luciana Lyra, que encena Cangaceiras, é atriz, dramaturga e escritora. Na época em que era estudante de Direito, foi estagiária no Cendhec, e a convidamos para falar sobre o espetáculo. Confira a entrevista completa:



Levando em conta o pioneirismo do trabalho, qual a ideia principal da peça? Quais assuntos são abordados?


A peça é uma fábula acerca do universo do cangaço. A estória gira em torno do bando de mulheres Cangaceiras rebelando-se contra o bando masculino, que por sua vez, age, em geral, com extrema violência, mesmo dentro dos seus coletivos. Naturalmente é uma metáfora. Não se tem historicamente vestígios de um bando organizado por mulheres frente ao movimento do cangaço, mas na peça há uma reinvenção, o protagonismo é das mulheres. E nesse movimento de busca em lançar luzes às mulheres do cangaço acabamos por inspirar e potencializar a luta das mulheres de hoje.



Você tem uma longa experiência como atriz e dramaturga. Como está sendo atuar nesse trabalho que potencializa as vozes femininas?


Tem sido importante para potencializar minhas pesquisas no campo das mulheridades e feminismos, nicho de investigação em que trabalho desde os anos 2000. Abrir flancos em meio à caatinga e me enxergar cangaceira, mesmo que sob uma máscara, é também me inflar individual e coletivamente de vontade de lutar por diversas agendas de mulheres.



Suas memórias com a cultura pernambucana te auxiliam nesse projeto?


Minhas memórias do nordeste sempre tem feito um trabalho primoroso nos trabalhos que venho desenvolvendo ao longo de minha jornada como artista. O cangaço nutriu meu imaginário como nordestina. O espírito de luta, de guerrilha, as vestimentas dos/as Cangaceiros/as, as armas, os rastos de Dadá, de Maria Bonita e de tantas outras me surgem em vários recantos da lembrança, alimentando alguns carnavais e minha cena no teatro.



Lyra encena a personagem "Viúva". Foto: Arquivo pessoal

Alguma cena te marca mais? Por quê?


Difícil falar de um momento especial. A peça realmente é cheia de atravessamentos profundos. No entanto, considero uma cena bem forte e delicada que é o momento de reconciliação de minha personagem, a Viúva, que é a mais aguerrida de todas, com a Serena, que carrega a trama central da peça. Esse ato de reconciliação entre mulheres, esse abraço de sororidade une o bando para uma luta coletiva, que, acredito, seja o destino de todas as mulheres: 'seguir juntas', num comando firme porque comunal.



Atualmente, qual a importância de trazer esse protagonismo feminino na peça?


Nos últimos anos vimos uma primavera feminista. Muitos movimentos em absoluta explosão. Para além da ondas feministas de outros tempos, vivemos, contemporaneamente, sem dúvida, um tsunami feminista. Ao mesmo passo, vemos emergir um alto conservadorismo no atual governo do Brasil impactando socialmente e buscando reter a inundação de articulações entre mulheres em torno de suas demandas. Então, fazer esta peça é um ato de resistência e luta das mulheres em manter suas agendas em pauta e se empoderarem, na medida em que a fábula evoca um irreversível protagonismo feminino.



Sobre Luciana Lyra: como atriz atuou em espetáculos como: Cangaceiras guerreiras do sertão (2020/2021/2022), Um berço de pedra (2017), Memória da Cana (2009), Assombrações do Recife Velho (2005). Como dramaturga trabalhou nos seguintes espetáculo: ‘Guerreiras’ (2010); ‘Homens e Caranguejos’ (2012), ‘Obscena’ (2015), ‘Lunik’ (2013/2021), ‘Fogo de Monturo’ (2015), ‘Quarança’ (2016), ‘Louise ou desejada virtude da resistência’ (2017), ‘Ensaio para velhos pretos’ (2020), ‘Josephina’ (2021), ‘Guiomar’, Concerto da Antares e ‘Orim Curumim’ (em processo). Dirigiu todas as suas dramaturgias. Ainda é coordenadora e docente permanente do Programa de Pós-graduação em Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), docente associada do Depto. de Ensino da Arte e Cultura Popular, na mesma universidade. Escritora com três livros publicados em prosa e poesia, além de três dramaturgias. Pesquisadora líder do Grupo de Pesquisa MOTIM - Mito, Rito e Cartografias Feministas nas Artes (UERJ/CNPq). Artista fundadora do estúdio Unaluna - Pesquisa e Criação em Arte - SP.



SERVIÇO


Cangaceiras, guerreiras do sertão

Teatro de Santa Isabel: Praça da República, s/n, Santo Amaro, Recife

Dias 6 e 7 de maio, às 21h

Dia 8 de maio, às 19h

Informações: (81) 3355.3323


Ingressos:

Plateia: R$ 100 e R$ 50 (meia)

Frisas e camarotes: R$ 80 e R$ 40 (meia)

À venda no site Sympla, lojas Ticketfolia e bilheteria do teatro


Duração: 120 minutos

Classificação: 12 anos

Comments


Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
bottom of page