Oficina do Cendhec debate Justiça Ambiental com adolescentes do Pina e Ibura de Baixo
Com arte e poesia, jovens do Pina e do Ibura de Baixo refletiram sobre Direitos Humanos e Justiça Ambiental nos dias 21 e 22 de julho. A iniciativa partiu do Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social que, de forma lúdica, buscou memorar os aniversários do Estatuto da Criança e do Adolescente e o Estatuto da Cidade, que celebraram, neste mês, 33 e 22 anos, respectivamente.
Os locais foram escolhidos por abraçar dois projetos formativos do Cendhec, o Teia de Proteção, no Pina, que aborda a prevenção, identificação e denúncia de violências sexuais com meninas, meninos, famílias e organizações comunitárias; e o Juventudes e o Direito à Cidade, no Ibura de Baixo, que forma politicamente adolescentes críticos e engajados na construção de municípios mais justos e acolhedores.
Com o mote “Prosa, Poesia e Papelão: Direitos Humanos e Justiça Ambiental”, a primeira atividade aconteceu na sede do Procriu, Projeto Criança Urgente, no Pina. Com início às 14h, no dia 21 de julho, a ação contou com 15 adolescentes. Já a segunda, no sábado (22), iniciou às 9h no Centro Comunitário Mário de Andrade, na Comunidade Paz e Amor, no Ibura de Baixo, e foi destinada a 23 jovens. Todos os participantes foram previamente selecionados.
As oficinas foram ministradas por Flávia Gomes, poeta, escritora, dramaturga, roteirista de quadrinhos e artista educadora. Graduada em Serviço Social, com especialização na de psicologia social, ela usou sua expertise na área de formação literária e educação ambiental para acender reflexões sobre as vivências e desejos de juventudes periféricas. Com os encontros, a profissional fortaleceu a relação do público com seus direitos e a sua responsabilidade ambiental.
“Garantir a participação de adolescentes e jovens nesta discussão, fortalece a relação da sociedade com a sua responsabilidade ambiental, considerando o grande poder mobilizador e transformador desse público. As oficinas apresentam um trabalho artístico comprometido com a necessidade de (re)pensar o papel de cada pessoa com o meio em que vive e sua responsabilidade ambiental, trazendo conhecimento e diversão, utilizando de nossas referências culturais, através de uma linguagem simples, direta e compartilhada”, comenta Flávia.
Por que debater Justiça Ambiental?
A justiça ambiental refere-se “aos princípios que asseguram que nenhum grupo de pessoas, sejam grupos étnicos, raciais ou de classe, suporte uma parcela desproporcional de degradação do espaço coletivo.”
Estima-se que, no Brasil, 40 milhões de meninas e meninos estão expostos a mais de um risco climático ou ambiental (60% do total), fatores que comprometem a garantia de direitos fundamentais. Os dados partem do relatório “Crianças, Adolescentes e Mudanças Climáticas no Brasil”, lançado pelo UNICEF no ano passado.
A capital pernambucana é a cidade brasileira mais vulnerável à elevação do nível do mar e aos outros efeitos advindos da crise climática, segundo o Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU). Somado a geografia, a desigualdade social resulta em pelo menos 207 mil pessoas que vivem em área de risco, 13,4% da população, no Recife.
“As mudanças climáticas afetam a todas/os nós. A problemática que faz-se urgente é pensar, planejar e incidir, sobre a capacidade de prevenção, enfrentamento e resiliência das/os sujeitos, famílias e territórios, sobretudo nas localidades que historicamente enfrentam com a falta de condições básicas para viver”, comenta a assistente social do Cendhec, Lorena Melo. “Consideramos que as questões inerentes às juventudes, fortalecidas com o conhecimento crítico sobre a realidade dos territórios que vivem, podem tornar possível a construção de alternativas criativas e potentes para a defesa dos direitos humanos duramente conquistados, bem como oportunizar espaços coletivos de provoquem o Estado a assumir o seu papel de garantir os direitos constitucionais, por meio das políticas públicas e sociais, à população.”
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