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Cendhec

Moradores do Pina são convidados por organização alemã para assistir Cura, peça de Deborah Colker



Por mais que em nossa Constituição, no seu artigo 215, esteja previsto o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, além do apoio e incentivo a valorização e a difusão das manifestações culturais, locais como cinemas, museus e teatros costumam ser utilizados, geralmente, por aquelas e aqueles que possuem maior poder aquisitivo.


Afim de aproximar outros públicos a estes espaços, a Companhia de Dança Deborah Colker, a qual leva o nome da bailarina e coreógrafa premiada, disponibilizou ingressos do espetáculo ‘Cura’ para a organização Kindernothilfe Nordeste, que apoia instituições e entidades ligadas aos Direitos Humanos em Pernambuco. Parte dos ingressos da peça, realizada nos dias 20 e 21 deste mês, foram destinadas ao Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social, ong apoiada pela Kindernothilfe.


Junto ao Projeto Criança Urgente - PROCRIU; ao Instituto de Assistência Social Dom Campelo - IADOSC, ambos localizados no Pina; e com apoio da Freedom Fund, organização referência no movimento global para acabar com a escravidão moderna e que atua no combate a exploração sexual de crianças e adolescentes; e do Fundo Malala, entidade que visa fortalecer a educação de meninas e jovens mulheres, o Cendhec mobilizou, no domingo, moradoras e moradores de comunidades para a atividade, marcada para as 20h, no Teatro Guararapes. Foram convidados moradoras e moradores do Bode, a Escola Municipal do Recife Oswaldo Lima Filho e representantes da Rede Municipal de Educação de Camaragibe. A ação se fez possível porque o projeto foi contemplado pela Lei Rouanet, patrocinada pela Bradesco Seguros, na qual a doação de ingressos para ação social, já estava prevista.



Com trilha original de Carlinhos Brown, Cura fala sobre a busca de Deborah Colker para a doença genética de seu neto, que convive com epidermólise bolhosa. Dessa angústia, fez-se arte. Durante o espetáculo, ciência, fé, e enfrentamento de preconceitos são retratados com dança. “Há dores mostradas no palco, mas há esperança no final. Ela diz que procurou preservar a alegria necessária à vida. Um ingrediente para isso foi a semana que passou em Moçambique durante a preparação, quando conheceu pessoas que não perdiam a vontade de viver, apesar das muitas dificuldades”, diz a sinopse da peça.


Aproximadamente 100 pessoas foram ao local, parte delas utilizaram um ônibus fretado com apoio financeiro da parceira Freedom Fund. No Teatro Guararapes, muitas delas tiveram sua primeira experiência com esta forma de consumir cultura. “Eu achei bom, foi algo que eu nunca tinha visto. Eu gostei muito da história no começo. O que mais me chamou atenção foi a dança, achei muito legal vir pra cá, sair um pouco do telefone, das redes sociais e se divertir”, disse Vinícius Mendonça, de 12 anos.



A auxiliar de enfermagem Danielle Alves e sua filha Maria Clara, de 13 anos, também nunca haviam conhecido o teatro. “Eu achei lindo o espetáculo. Entendi que o amor supera tudo. Que ele transforma o feio em lindo. Foi incrível. Eu nunca tinha visto uma peça, nunca tinha sentido essa emoção, não tinha noção do quanto era bonito. A gente precisa vir muito em mais vezes”, disse a mãe. “Eu antes nem me interessava por este tipo de coisa, mas depois que comecei a ter aulas com Emilayne [professora do Procriu], conheci muitos estilos de dança e fui gostando”, disse Maria, que se encantou com os bailarinos profissionais.


Morador do Pina, produtor de eventos e educador social, Stone Silva, de 27 anos, encontrou na peça inspiração. “Saio daqui encantado. A peça desperta muitos desejos pra gente que está aqui trabalhando também com teatro, que tem uma realidade um pouco diferente. Eu acredito que todo acesso e oportunidade que as comunidades, as periferias, tenham de se aproximar com a cultura é importante. Tivemos a oportunidade de trazer as crianças, que estão começando a se conectar ou que já tem desejo pela arte, mas que não tem essa oportunidade de vim apreciar um espetáculo como esse.”



Os convidados foram auxiliados e acompanhados por Luanna Cruz, psicóloga do Cendhec, Patrícia Saraiva, assistente social do centro, Juliana Accioly, advogada do Programa Direitos da Criança e do Adolescente, Manuela Soler, advogada do Cendhec, Rosângela Coelho, pedagoga da ong e Mona Mirela, coordenadora de projeto. "A importância do acesso a Cultura para todes é fundamental para garantir a formação humana", comenta Mona.


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