Jovens da ZEIS Vila Independência concluem Curso de Formação Política do Cendhec
A experiência foi fundamental para o fortalecimento da juventude na luta por direitos à comunidade
No último sábado (5), jovens da ZEIS Vila Independência, localizada em Nova Descoberta, em Recife, concluíram o Curso de Formação Política facilitado pelo Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social. O encerramento foi celebrado pela manhã com atividades teóricas e dinâmicas no auditório do Centro de Formação e Lazer do SindsPrev, e à tarde os adolescentes aproveitaram o espaço com piscina e quadra de futebol.
No encontro final, foi proposta uma autoavaliação e reflexão direcionadas aos adolescentes, aos integrantes da comissão da ZEIS e à equipe do Cendhec, quanto ao fortalecimento do grupo enquanto coletivo e os frutos esperados após o período de formação. Ao todo, 21 jovens receberam certificado de conclusão. Ministradas pelas assistentes sociais do Cendhec, Cristinalva Lemos e Lorena Melo, as aulas começaram em agosto de 2021 e aconteciam nas manhãs de sábados, na Escola Rotary de Nova Descoberta.
Vila Independência tem um histórico de luta habitacional há mais de 20 anos. Contribuir com a capacitação social e política da juventude e incluí-los na busca por direitos é crucial para o fortalecimento da luta comunitária. Conforme explica a facilitadora da formação e assistente social do Cendhec, Cristinalva Lemos, foram trabalhadas questões ligadas ao direito à cidade. “Trabalhamos temas sobre o território, as juventudes dentro desse território, a segurança pública dentro dos territórios, insegurança alimentar. Nesse primeiro momento, trouxemos 30 encontros em forma de oficina, trazendo a parte mais teórica”, conta.
Visando potencializar meninas e meninos, em sua maioria negras e negros, que habitam a comunidade, o curso também possibilitou o acesso a outros temas, que os colocaram como centro da discussão, aliados ao direito à cidade. Dentre eles, os jovens puderam refletir mais detalhadamente sobre negritude, incluindo desigualdade racial e a realidade de direitos negligenciados às juventudes negras nas periferias do Brasil, e as barreiras para o acesso à educação de qualidade, à moradia e à vida. Além da desigualdade de gênero, forte responsável pela exclusão de meninas, sobretudo mães, do ambiente escolar.
Também facilitadora do curso e assistente social do Cendhec, Lorena Melo ressalta que durante o processo formativo as jovens mães do território tiveram um destaque significativo. Segundo ela, “Elas tiveram uma participação muito grande e foi muito bonito ver elas debatendo, dialogando com a turma e com a gente, se posicionando e dizendo qual o tipo de sociedade mais justa que desejam”.
Cristinalva também destaca que a partir do próximo ano, a formação terá continuidade prática. “O objetivo é que eles possam aplicar tudo o que foi construído durante esse mais de um ano na formação, dentro da sua comunidade e também na cidade, que é o espaço onde eles precisam estar, residir, resistir e precisam modificar através da sua força e da sua luta cotidiana".
A próxima etapa do processo de formação visa fomentar espaços onde os jovens possam aplicar o que aprenderam nas rodas de conversa. Lorena Melo explica que a equipe planeja a ida a locais, com os jovens, como a Câmara dos Vereadores, a Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco, além de promover intercâmbio entre outros jovens de ocupações, ou territórios periféricos, para proporcionar o cunho prático do que foi captado dos encontros formativos. Para Lorena, “As expectativas são boas porque já no processo formativo, nesse um ano que se passou, a gente pôde observar que alguns jovens já tem um caminho interessante de ser mais atuante na sua comunidade”. No que diz respeito às jovens mães de Vila Independência a assistente social pontua: "A gente quer muito fomentar esses espaços para as meninas negras do território que são mães, já que historicamente e cotidianamente elas vivem uma série de negações de direitos e de participação de outros espaços”.
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