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Data Magna e independência: Legado de resistência




Comemorada em 6 de fevereiro, a Data Magna de Pernambuco foi instituída em homenagem ao início da Revolução Pernambucana de 1817. Caracterizada pela organização e resistência coletivas, o marco se refere ao período em que Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte tornaram-se uma única nação, chamada Pernambuco. Estavam independentes, em meio a um Brasil colonizado pela monarquia portuguesa. A separação dos estados durou 70 dias até que a Coroa condenasse e perseguisse os responsáveis pelo movimento.


A luta pela liberdade de pensamento, por direitos básicos e pela imprensa livre eram alguns dos importantes objetivos buscados por aquelas e aqueles que encontraram na rebelião sua cidadania. Apesar do curto período, a constituição de um governo republicano, ainda que provisório, trouxe à luz a força das articulações. Mostrava a potência do povo.


Resistências atuais


O que aquele movimento por independência, de dois séculos atrás, tem em paralelo a muitos outros, inclusive da atualidade, é o senso político e importância de uma população organizada. Os enfrentamentos as opressões, imperantes no país desde a era colônia, devem estar aliados à luta incessante por moradia, alimentação e educação. São resistências indissociáveis, violações protagonizadas pelas mesmas minorias: pessoas pretas, pobres e, geralmente, mulheres.


São décadas e mais décadas de luta. São muitas conquistas até aqui, mas revoluções ainda são necessárias. Estarmos lado a lado por nossa cidadania também. O Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social contribui com estas pautas no atendimento à comunidades. A ONG, além de estar presente com oficinas, palestras e ajuda humanitária, tem como missão a formação de sujeitos políticos e críticos.


Um dos locais que em que o Centro presta seu trabalho carrega no nome a força de um movimento como o de 1817. Vila Independência. Nesta ocupação, em Nova Descoberta, com a realização de formações semanais, desde agosto de 2021, o Cendhec conversa com jovens, afim de capacitar adolescentes para atuação social de forma autônoma. “O sentido político da movimentação do Cendhec nas comunidades é a de fincar bases onde as vulnerabilidades de fato acontecem e têm de ser substituídas pela inclusão e respeito”, ressalta Luís Emmanuel, Coordenador do programa Direito à Cidade


Os encontros na Vila pautam questões de raça, gênero e classe. Cristinalva Lemos, Assistente Social do Cendhec, explica que dentre os temas trabalhados estão o “racismo estrutural, o que é ser jovem no território periférico, direitos humanos, democracia, direito à cidade e ao território, as lutas pelo direito humano à moradia”. Estes, destaca Cristinalva, “são temas relevantes para que tenham o conhecimento como ferramenta na busca por efetivação e manutenção dos direitos individuais, coletivos e constitucionais”.


Os profissionais do DC entendem que estes debates são muitas vezes o primeiro contato dos jovens com a observação e reflexão de questões que afetam suas vivências. Por esse motivo, as formações funcionam como impulsionadoras do desenvolvimento de sensos políticos, apresentando transformações importantes, com impactos na vida de moradoras e moradores da comunidade. Cristinalva comenta que “muitos(as) não sabiam como buscar os seus direitos, alguns ainda não tinham tido contato com os temas trabalhados e hoje já observamos que conseguem ter uma fala mais empoderada. Além disso, passaram a conhecer mais sua comunidade, buscar formas de trazer melhorias que beneficiem o coletivo. Esperamos até o final do ano ter, não todos, mas muitos jovens engajados na luta junto com a liderança na comunidade”.


O desenvolvimento da consciência em conjunto e a movimentação social e política é uma maneira de proporcionar autonomia na resistência contra violações intensas e frequentes, e garantia da liberdade, constantemente arriscada. Assim conquistaremos a independência. Assim são feitas as revoluções.


Texto: Luana Farias

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