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Conheça as meninas e jovens mulheres de Vila Independência



Independência é clamor e desejo, é substantivo feminino. Palavra que é aviso, rota e tem força de mudança. Em março, mês que celebra a luta e vivência de mulheres, queremos apresentar jovens de Vila Independência, Zona Especial de Interesse Social localizada em Nova Descoberta. Meninas que fazem parte do projeto de formação de sujeitos políticos, promovido pelo Programa Direito à Cidade, do Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social (Cendhec).


Cada uma com suas particularidades, todas se reúnem, aos sábados, para partilhar conhecimentos e aspiração por um Recife mais respeitoso e acolhedor. Os encontros acontecem na escola Rotary, na Zona Norte, e são mediados por profissionais do Centro, as assistentes sociais Cristinalva Lemos e Lorena Melo, e a estagiária de serviço social Jennyfer Paz.


Larissa Pâmella, de 20 anos, diz tentar, diariamente, mostrar à sociedade sua capacidade. “A parte ruim de ser mulher é ser subestimada pelo simples fato de ser do sexo feminino”, aponta.

Em sua casa, as mulheres são os alicerces da família e ela aprendeu, com essa força, que o seu espaço no mundo está garantido. “Eu nunca deixei de fazer nada pois sempre tive em mente que meu lugar era aonde eu quisesse estar e não é o meu sexo que vai impedir isso.”


No seu canal no Youtube, que acumula 2,77 mil inscritos, Larissa mostra coisas que a divertem, que ocupam seu tempo, sua rotina como técnica de enfermagem e o dia a dia com o seu parceiro.


Para as outras meninas, deixa uma dica: “Não troquem e não priorizem nada acima dos seus estudos, ele é uma arma pra nós mulheres. Estudem


Lorrany Gabriela, de 18 anos, vê o seu gênero com carinho, mas assume viver com medo de “sofrer algo e não poder se defender”. Em sua casa, formada por mulheres, o apoio de uma com as outras ajudam todas a chegar mais longe, “elas são ótimas em tudo”.

Desde muito pequena, Gabriela convive com as limitações colocadas sobre o seu corpo. “Jogar bola, por exemplo. Nessa questão as pessoas têm um pequeno preconceito, mas eu não, porque é só um jogo e não foi feito só pra meninos”


Nos encontros com a equipe do Cendhec, ela diz já ter se deparado com questões importantes para o seu crescimento. “Estudamos sobre isso, sobre ser mulher na sociedade e ter força e coragem para enfrentar o mundo.”

Para a jovem, a equipe ser majoritariamente feminina é um alento. “Eu acho ótimo, eu me sinto bem porque são mulheres. O ambiente fica bem melhor e elas são muito legais.”



“Ser mulher é difícil, mas também é ser forte. É um ato de resiliência. A parte boa é que você tem as melhores vivências que Deus nos proporciona, e as ruins são o que a gente sofre diariamente, como abuso sexual, assédio, entre outras coisas”. Esse foi o jeito que Carolaine do Nascimento, de 17 anos, achou para explicar as experiências que o gênero lhe proporciona. Mesmo com tão pouca idade, a estudante já enxerga e convive com desafios apenas por ser menina.


Segundo a mesma, a formação do Programa Direito à Cidade é benéfica e a faz contornar alguns desses obstáculos. Nela aprende diversas coisas das quais tem direito, os seus deveres e aguça o senso crítico. “Os encontros me fazem ficar alerta em coisas que acontecem no dia a dia, me ensinam a não me esconder e falar quando necessário”.


Por morar em Vila Independência, que possui uma comissão política formada em sua maioria por mulheres, e participar dos encontros do Cendhec, Carolaine convive com exemplos do que almeja para o futuro. “É uma representação de força e mostra que as mulheres sim podem chegar onde muitos homens não chegam. Acho maravilhoso que as mulheres assumam o papel político. É na concordância da gente, mulher, que as coisas são resolvidas junto ao líder comunitário.


Evellin Rayane é filha de Maria das Graças, uma das integrantes da comissão política de Vila, e mãe de Heitor Miguel. Aos 19 anos, considera que sua família são apenas essas pessoas. “Minha mãe, eu e meu filho. Nós exercemos e substituímos o papel do homem”, diz.


Como a mãe e como a Vila, tem na independência sua maior dádiva. “Para mim, ser mulher é uma coisa incrível pois muitos acham que nós mulheres somos frágeis, mas somos mais fortes do que imaginamos. A melhor parte de ser mulher é que somos capazes de fazer tudo, e que temos uma força e coragem incríveis, ainda mais se for para proteger quem amamos. A parte ruim é que tem certos homens que pensam que precisamos deles pra alguma coisa, mas na verdade não precisamos, pois somos capazes de tudo.”


Apesar do pulso firme e discurso certeiro, não deixa de se sentir vulnerável na cidade onde mora, esta é uma das coisas que discute nos encontros com o Cendhec. “Não só no Recife, mas como as demais regiões e países. Nenhum lugar é seguro para nós mulheres, pois tem violência contra mulher todos os dias.” Além de proteção, caso pudesse escolher um presente para as meninas de Pernambuco, Evellin afirma que pediria “mais amor próprio”

Cecília Lays, de 17 anos, também é mãe, mas de uma menina de apenas 9 meses. Em Lavínia Vitória vê o que já foi e o que deseja para ela e as demais. O nome do lugar onde vive aparece diversas vezes em sua fala, é como se levasse como um lema, uma palavra de ordem.


“Mulher tem que ser independente. A parte boa de ser mulher - falo por mim tá? – é ser mãe, porque a gente aprende bastante. Mas tem partes ruins também. Quando a gente é dona de casa, por exemplo, as pessoas não reconhecem o nosso trabalho”, comenta.


Ao contrário das outras meninas os homens são maioria em sua residência, mas é nas suas semelhantes que tem espelho. “O papel das mulheres na minha família... Elas são muito independentes, todas trabalham, não dependem de ninguém.” Nos encontros com as amigas e profissionais do Cendhec se vê em um local de crescimento. “Já discutimos muito sobre como é ser mulher. Falamos sobre a liberdade de escolha, do nosso espaço e do direito a voz, sem que sofra algum tipo de retaliação ou diminuição.”


Para filha ela espera um Recife respeitoso e acolhedor. “Quero que ela tenha sua independência, que ela possa trabalhar e que a cidade seja boa para ela. Que não sofra nenhum tipo de preconceito.”




Fotos: Marlon Diego

Texto: Mariana Moraes/Cendhec

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