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Com a União Europeia, Cáritas e outras organizações, Cendhec trabalha na proteção das famílias de PE


Foto: Marlon Diego


Enquanto todo o estado tenta se recuperar da tragédia recente, um novo alerta de chuvas foi emitido para a Região Metropolitana e Zona da Mata Sul e Zona da Mata Norte de Pernambuco. Nas últimas semanas, diversas pernambucanas e pernambucanos perderam parentes, casas, amores, materiais de trabalho e a esperança. Ao todo, foram 130 vidas interrompidas, destas, 32 eram crianças e adolescentes. São mais de 9 mil desabrigados e o número de desalojados passa de 128 mil. Durante os dias de enchentes e deslizamentos, diversas personalidades públicas e políticos prestaram solidariedade às famílias atingidas. Mas agora, com parte dos abrigos desativados, muitas destas histórias caminham para o esquecimento do país.


O Cendhec, e as organizações sociais como um todo, presta papel importante neste momento. Com incidência política, proteção e defesa destas famílias, tenta reparar os danos causados por más gestões políticas, que vitimam sempre as mesmas pessoas. No início de junho, convidada pela Cáritas, a ONG participou de encontro entre instituições da sociedade civil e o Coordenador de Respostas Rápidas para as Américas e Caribe da União Europeia, Roman Majcher.


A reunião se deu após o especialista visitar os bairros de Vila Dois Carneiros e Coqueiral em Jaboatão do Guararapes; Jardim Monte Verde, Vila Aritana, na Guabiraba, no Recife; e Estados, Areeiro, e Loteamento Novo São Paulo, em Camaragibe. A Cáritas Suíça no Brasil, Cáritas Arquidiocesana de Olinda e Recife, e Cáritas Brasileira NE2 mobilizaram 13 organizações da sociedade civil, incluindo o Cendhec. A ideia era socializar o mapeamento do trabalho realizado até o momento pelas organizações, como forma de ampliar o raio de atuação da solidariedade; criação de uma agenda coletiva; além de fortalecer a comunicação como espaço de incidência e engajamento. Os apontamentos compartilhados entraram na pauta da Rede Cáritas e da União Europeia, que participaram de agenda com o prefeito João Campos e o governador do estado, Paulo Câmara.


"Essa reunião, com a participação do representante da União Europeia, demonstra o tamanho da tragédia em Pernambuco, que se agrava por tantos retrocessos no país nos últimos 6 anos, e pela ausência de política pública para as cidades que contemple a população periférica e negra. É importante todo e qualquer apoio no sentido da ajuda humanitária e principalmente do fortalecimento da sociedade civil, para a incidência política continuar", aponta Ana Cláudia Bezerra, coordenadora administrativa do Cendhec.


“Não podemos perder de vista que o papel principal e a responsabilidade são das autoridades locais e nacionais. Devemos sempre estar atentos para que sejam feitos os trabalhos de prevenção, afim de evitar que isso aconteça novamente. Devemos cobrar respostas efetivas e abrangentes, para que toda a população afetada possa ter suas necessidades atendidas de forma digna e de forma completa, não só por alguns dias, algumas semanas”, pontua Sérgio Costa Floros, da Cáritas Suiça.


O Coordenador de Respostas Rápidas para as Américas e Caribe da União Europeia, concedeu entrevista ao Cendhec, falando sobre a vinda a Pernambuco e o que encontrou na Região Metropolitana. Confira:


Quais as suas impressões ao visitar os locais afetados pela chuva?


As comunidades que visitamos (Jaboatão dos Guarapes, Guabiraba e Camaragibe) de fato foram muito afetadas pelas chuvas e consequentemente pelas enchentes e deslizamentos de terra. A destruição e as consequências humanitárias são graves. Apesar das chuvas muito fortes, foi difícil não pensar que o nível de destruição, bem como o número de vítimas, poderiam ter sido severamente reduzidos com melhor preparação para desastres, sistemas de alerta precoce e, eventualmente, melhor resposta imediata. Fiquei muito afetado por muitas histórias pessoais das famílias, que perderam tudo o que possuíam. Fiquei muito triste ao ver as pessoas lamentando a morte dos entes queridos, vítimas dos desmoronamentos e deslizamentos de terra, mas fiquei muito impressionado com a resposta de organizações comunitárias e a solidariedade entre as pessoas. Animado em ver como as pessoas se apoiaram em tempos difíceis. Dito isto, uma resposta imediata muito mais forte e direcionada ainda é necessário pelas instituições que têm o dever de levar alívio às pessoas sob estresse humanitário.


Qual o objetivo da visita e da reunião? Como a União Europeia pode incidir sobre a situação?


O objetivo do encontro com as organizações em Recife foi que nosso escritório entendesse a atuação das organizações da sociedade civil, soubesse o que vai bem e quais são os desafios enfrentados. As informações recolhidas serão utilizadas para a nossa própria avaliação sobre a forma como a UE poderá potencialmente apoiar as ONGs e demais organizações da sociedade civil na resposta a esta crise. Mas também dar-nos ideias sobre o que pode e deve ser feito para combater algumas das causas deste desastre, especialmente quando se trata de uma melhor preparação de comunidades urbanas vulneráveis ​​para situações de crise semelhantes, que certamente virão no futuro.


O que mais chamou a sua atenção durante o encontro com as organizações? O que foi debatido com mais afinco?


Fiquei muito impressionado com a determinação de todas as organizações participantes em encontrar maneiras de fornecer serviços que preservem as vidas das pessoas afetadas. Fiquei impressionado ao ver como as organizações estão usando os poucos recursos que têm para ajudar as vítimas das enchentes.


Nossas discussões também se concentraram em como podemos usar a força do grupo, em vez de apenas organizações individuais, para defender e cooperar com as autoridades, instituições, agências de desenvolvimento nacionais e internacionais e organizações de direitos humanos. Afim de enfrentar os desafios relacionados a uma melhor preparação, empoderamento das comunidades, e a luta contra a discriminação das populações vulnerabilizadas, por exemplo. Como mencionei, parece-me que todos nós temos muitas lições a aprender, para garantir que não permitamos que fenômenos naturais semelhantes se transformem em desastres tão graves no futuro. A preparação nos permitirá limitar o número de vítimas e danos e, eventualmente, reduzir o sofrimento humano desnecessário. Todos nós, atores nacionais e internacionais, temos a grande responsabilidade de tirar conclusões sobre o que não deu certo desta vez, para que todos possamos ter um desempenho melhor nos próximos meses e anos.

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