Cendhec participa de evento literário da educação infantil do Recife
O Cendhec marcou presença nessa terça-feira, 22, na VII Ciranda Literária da Educação Infantil, promovida pela Secretaria de Educação do Recife. Tendo como intuito cultural, o evento esteve fortemente marcado por poemas e encontros populares, visando a interpretação do mundo lúdico através da literatura.
Representando o centro, Paula Ferreira, pedagoga e ativista pela educação do Fundo Malala, participou da mesa de diálogo sobre “Relações étnico-raciais, percursos e vivências na educação infantil do Recife”.
Na ocasião, ela refletiu sobre os impactos e dificuldades para meninas negras se manterem nas escolas, e pediu que a rede de educação seja inclusiva e apoiadora de sonhos.
“Foi muito importante ter participado, porque esse lugar me representa como mulher preta, educadora e ativista. E nós, enquanto Organização da Sociedade Civil (OSC), Campanha da Educação e Rede Malala, temos um trabalho que é de enfrentamento às desigualdades, para além do gênero e da raça. É muito relevante tratar desse tema e discutir a literatura trabalhada com crianças”, aponta Paula Ferreira.
Trazendo a simbologia de novembro, mês da Consciência Negra, o objetivo do encontro foi evidenciar a aproximação da criança com a literatura infantil de forma lúdica, criativa e divertida.
Para isso, também estiveram presentes membros do CMEI Senhor do Bonfim (vinculada ao Programa: Escolas Associadas da Unesco no Brasil) e do Grupo de Trabalho em Educação das Relações étnico Raciais (GTERÊ) da Secretaria de Educação do Recife, que discutiram sobre o protagonismo negro e o desejo de uma educação plural, progressista e democrática, que reconhece sua história e seus antepassados.
Nesse sentido, Paula expôs, ainda, os primeiros dados da pesquisa realizada pelo Cendhec, com apoio do Fundo Malala, em que discute a desigualdade de gênero na escola, e revelou o racismo e preconceito sofridos por grande parte das estudantes. O levantamento trouxe que 26,9% das meninas entrevistadas dizem terem sido afetadas por algum tipo de prejulgamento/repúdio em suas instituições de ensino. Das vítimas, 38,1% atribui a ação ao racismo: 27,1% por ter cabelo crespo/enrolado; 11,0% por ser negra.
“Nós somos um país ainda muito racista, mas eu vejo que a educação é importante para que os meninos e as meninas negras possam se reconhecer na sua cor de pele, no seu cabelo, na sua beleza. A escola tem um papel social de fortalecer essas identidades”, continua a pedagoga.
Os dados iniciais da pesquisa foram apresentados na última semana, em seminário realizado na Universidade Católica de Pernambuco. Clique aqui para saber mais.
Para culminar o projeto municipal, os estudantes expuseram suas atividades no hall da Escola de Formação de Educadores do Recife - EFER Prof Paulo Freire, no bairro da Madalena. Até o primeiro dia de dezembro, é possível acompanhar a exposição.
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