Cendhec fez repasse de colchões, kits de higiene e 50 toneladas de alimentos nos últimos 3 anos

O Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social é um Centro de Defesa dos Direitos Humanos que atua, há mais de três décadas, para a promoção da cidadania de crianças, adolescentes, moradoras e moradores de assentamentos populares. Por mais que carregue 33 anos de tradição, as ajudas humanitárias não faziam parte das atividades do centro, que é referência em advocacy, formação de pessoas políticas e contribui para uma sociedade democrática, popular, equitativa, que respeita as diversidades e sem violência.

Com a pandemia da Covid-19, deflagrada em 2020, e as crises econômica e sanitária que se deram como resultado das más gestões federal e estadual, o Centro se viu desafiado a ampliar a sua atuação para que pudesse ajudar, de forma emergencial, as famílias que tanto sofriam com a miséria e o desemprego que se amplificaram em nosso País.

O Cendhec iniciou, em 2020, a distribuição de cestas básicas e itens para proteção contra o Coronavírus. Neste ano o Pina, Torrões, Várzea, Cardozo, Mangueira, Mustardinha e Nova descoberta receberam 33,2 toneladas em alimentos; 510 kits de higiene, que incluíam álcool em gel, e 1530 máscaras. Em 2021, com a continuidade da doença, mais 810 cestas e 205 kits foram entregues. Também foi identificado, pelo Centro, que estudantes necessitavam de materiais escolares que incluíssem fones de ouvido, para que pudessem participar das aulas remotas, adotadas pela necessidade do isolamento social. Desta forma, 350 kits educação foram destinados ao Cardozo, Nova Descoberta, Pina, Mangueira, Camaragibe e Igarassu. No início deste ano, fevereiro e março de 2022, mais 240 pessoas receberam alimentos e kits de higiene na comunidade do Cardozo. Além disso, 150 vales-gás foram enviados ao Cardozo (60) e a Várzea (90).

Como organização pernambucana, nos últimos meses o centro também se debruçou em amparar pessoas que foram afetadas pelas as fortes chuvas, que deixaram mais de 128 mil pessoas desalojadas e desabrigadas. População que convive, ainda, com o luto, por perder amigos e/ou familiares. Ao todo, foram 132 mortos.

Na tentativa de diminuir estes impactos negativos, o Centro Dom Helder Camara iniciou uma série de ajudas humanitárias. No Sítio dos Pintos, Zona Norte do Recife, famílias receberam colchões; kits com fronhas e lençol; kits de limpeza; e cestas básicas. Foram beneficiadas comunidades ribeirinhas do Sítio São Brás e Vila Nossa Senhora. Em Muribeca, o Cendhec entregou kits de limpeza; colchões e lençóis. As comunidades Mustardinha e Mangueira receberam cestas básicas que ampararam 50 famílias. No Pina foram repassados kits de higiene e alimentos. Estima-se que 1.968 pessoas receberam auxílio a partir desta ação. Em cestas básicas, apenas nos últimos três meses, a instituição realizou o repasse de 5,7 toneladas.

As iniciativas foram realizadas com o apoio financeiro de diversos parceiros, como The Freedom Fund, Fundo Malala, Misereor, Pão Para o Mundo, Oak Foundation, Fundo Casa e Instituto C&A. Doações recebidas de pessoas físicas também foram imprescindíveis para que as comunidades atendidas pelo Centro encontrassem um pouco de conforto.

“Para esta última ação, articulações com organizações, coletivos e equipamentos comunitários foram fundamentais para atender quem mais precisa. O Cendhec se uniu com o Somos Todos Muribeca, Escola Municipal Mundo Esperança e lideranças em Sítio dos Pintos. No Pina, a Livroteca Brincante do Pina, o Iasdoc, Procriu, Coletiva Cabras e CREAS - RPA 6”, explica a coordenadora adjunta e coordenadora do Programa Direitos da Criança e do Adolescente do Cendhec, Katia Pintor. “Em cada comunidade, o Centro garantiu o repasse do que as famílias definiram como prioridade. Em Muribeca, por exemplo, a população sentia falta de colchões, lençóis e fronhas. Nas demais comunidades, a prioridade foram as cestas básicas."

Panorama estadual

De acordo com o Mapa da Nova Pobreza, entre 2019 e 2021, Pernambuco foi o Estado em que a miséria mais cresceu no Brasil, dando um salto de 8,14%. Ao todo, em nosso estado, são 1,6 milhão de pessoas vivendo com uma renda de, no máximo, R$ 497 por mês. O valor mensal não consegue garantir o alimento na mesa. De acordo com o Dieese, a cesta básica, por exemplo, alcançou em julho R$ 613,63 no Recife. Valor que supera ainda os R$ 600 do Auxílio Brasil, que o governo federal começou a pagar neste mês de agosto, mas que não chegou a todas as famílias.

Pernambuco está em quarto lugar entre os locais com maior proporção de pessoas pobres entre a população. Mais da metade dos habitantes, 50,32%, estão nesta condição. O estado ocupa, também, o primeiro lugar no ranking do desemprego. Em 2021, registrou a maior taxa do Brasil, com quase 20% (19,9%) da população em idade para trabalhar sem emprego. A desocupação ficou acima da média nacional, que é de 13,2%.