Cendhec debate direito à cidade no Intercâmbio Juventude do Nordeste, em Fortaleza
Nos últimos dias 15, 16 e 17, o Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social marcou presença no Intercâmbio da Juventude do Nordeste - Juventude e Direito à Cidade, em Fortaleza. A assistente social do Programa Direito à Cidade do Centro, Cristinalva Lemos, além de Larissa Pâmella e Keven Vasconcelos, jovens de Vila Independência, Zona de Interesse Social em Nova Descoberta, participaram da articulação no final de semana.
A iniciativa surgiu em 2019 a partir da articulação entre instituições parceiras do Nordeste que já se encontravam no campo da luta do direito à cidade. Dentre elas estão o Cendhec, o Centro de Estudos e Ação Social (CEAS), em Salvador, o Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza (CDVHS), de Fortaleza, a FASE. Além de contar com entidades como a “Periferia”, organização de Bruxelas, da Bélgica, e o Centro de Assessoria e Apoio a Iniciativas Sociais (CAIS), responsável por assessorar as organizações que têm projetos apoiados por Misereor no Brasil, sobretudo no Nordeste.
Planejado para ocorrer a cada ano em um estado diferente, o Intercâmbio da Juventude do Nordeste teve a primeira edição em 2019, na capital pernambucana, com o Cendhec à frente do acolhimento. Com o início da pandemia da Covid-19, em 2020, passou a acontecer virtualmente até o ano passado. Já neste ano, realizada em Fortaleza, no Ceará, a quarta edição voltou a ser articulada presencialmente pela primeira vez desde o início da crise sanitária. Dessa vez, a assistência social do CDVHS e os Jovens Agentes da Paz (JAP) da comunidade Grande Bom Jardim, ficaram responsáveis por receber as organizações e jovens no intercâmbio.
"Conhecer pessoas novas, culturas e a luta foi uma injeção de ânimo para poder prosseguir lutando pra não ter mais direitos violados" - Larissa Pâmella.
A intercambista da ZEIS Vila Independência ressalta a importância do diálogo com pessoas de outros lugares que, assim como ela, vivem a luta pelo direito à cidade. A jovem também comenta a consciência dos frutos que são gerados a partir das movimentações atuais: "Saber que talvez não desfrutaremos das vitórias pelo o que lutamos hoje, mas as próximos gerações, como nossos filhos, irão viver em um mundo melhor que vai ser resultado de nossos lutas".
A partir da troca de experiências das organizações e juventudes que são atendidas pelas instituições no campo do direito à cidade, Cristinalva Lemos, que acompanha a articulação desde o início, explica que a proposta do intercâmbio é “debater a realidade da juventude nas periferias do Nordeste que estão na luta pelo direito à cidade e à terra, e refletir como podemos fortalecer esse trabalho que já vem sendo desenvolvido pelas organizações e instituições nesses locais”.
A impressão que eu tive nesses três dias é que eu não era a única pessoa que tava nesse caminho, em rumo a esse caminho, esse desenvolvimento com a pessoas foi maravilhoso. - Keven Vasconcelos.
O recifense, da ZEIS Vila Independência, também visitou as comunidades no Intercâmbio e participou dos debates. Conforme apontou, o contato com outras culturas o mostrou que a luta, que se expande pelas cidades e estados do Nordeste, é realizada em conjunto. "Foi uma experiência maravilhosa, para um desenvolvimento pessoal e mental, além de conviver com pessoas de outra cultura, pude perceber os problemas que tem em volta da sociedade", relembra.
Seguindo a proposta do evento, os intercambistas conheceram as comunidades Nova Canudo, Grande Bom Jardim e Marrocos, em Fortaleza. Assim como em muitas comunidades da periferia recifense, as Zonas de Interesse Social ainda lutam pela regularização fundiária da terra e contra a invisibilização do poder público. Além disso, a temática da fome e insegurança alimentar, seriamente agravadas nos últimos anos, foi um dos pontos abordados no encontro.
O encontro contou com a participação de representantes de organizações sociais que atuam com o direito à cidade e jovens de diferentes estados do Nordeste, além de representações da Bolívia e de Bruxelas. Estiveram presentes, além do Cendhec, o Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza, do Ceará, a Sedup, da Paraíba, o Margarida Alves, da Paraíba, a “Periferia”, de Bruxelas e a Cosecha Colectiva, da Bolívia.
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