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Cendhec apresenta pesquisa "Na Trilha da Educação" à Igarassu

  • Foto do escritor: Cendhec
    Cendhec
  • 6 de ago. de 2021
  • 4 min de leitura

“Estamos prontas (os) para contribuir”. Foi com essas palavras que Eunice Bezerra, gestora da Escola Municipal Pastor Isaías, em Igarassu, deu suas boas vindas, no último dia 05, quarta-feira, durante a apresentação da pesquisa do projeto “Na Trilha da Educação. Gênero e Políticas Públicas para Meninas”, realização do Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social com apoio do Fundo Malala, instituição que atua em 8 países e apoia 53 organizações que desenvolvem projetos voltados à defesa da Educação de meninas. Eunice, assim como a estudante Ingrid e mais outras (os) participantes, entre gestoras (es), professoras (es)  de três escolas da rede municipal: Escola Cecília Maria, Escola Evangelina Delgado Albuquerque e Escola Municipal Pastor Isaías, acompanharam e trouxeram para o Cendhec suas percepções e contribuições para as próximas etapas da pesquisa. Em virtude da pandemia Covid-19, seguindo os protocolos sanitários, o encontro aconteceu de forma online, pela plataforma Google Meet.


O projeto “Na Trilha da Educação” Compreende meninas como sujeitos políticos e de direitos e faz da escuta das suas vozes o principal elemento para influenciar políticas públicas que enfrentem as desigualdades de gênero, raça e classe social no ambiente escolar nas redes públicas municipais de ensino das cidades de: Igarassu, Recife e Camaragibe. A efetivação da iniciativa é feita por meio de uma pesquisa que pretende ouvir as estudantes na faixa etária entre 12 e 14 anos, vinculadas ao Fundamental II. O resultado do estudo será acessado através de uma publicação que ainda inclui formação e ações de comunicação.


No início da apresentação, Michela Albuquerque, coordenadora do projeto “Na Trilha” trouxe para as (os) participantes os principais sentidos que norteiam o trabalho: “O projeto nasce e se realiza a partir dessa escuta (das meninas). Essa é nossa mística política, o que nos move. Outro movimento importante é reconhecer no  ambiente escolar um espaço importante de proteção e promoção das crianças e adolescentes, na garantia de seus direitos. Ouvir as meninas é construir junto com a escola, com todo corpo técnico profissional. Queremos uma escola mais acolhedora, inclusiva, e não existe justiça sem a presença da igualdade de gênero, de raça e classe social”.


A reunião seguiu com a pesquisadora do projeto, Fernanda Meira,  trazendo os objetivos do estudo: “Queremos investigar os impactos da desigualdade de gênero na vida escolar das meninas. Como esses impactos as  influenciam na desistência de estudar. Em que medida essa desistência  é marcada pelas desigualdades de gênero. Os meninos também abandonam , mas será que pelos mesmos motivos que as meninas?”.


Fernanda também explicou que a pesquisa se aplica através de dois métodos: quantitativo e qualitativo. No primeiro serão aplicados questionários estruturados e fechadas e o segundo terá a formação de grupos focais (entrevistas e interação com um conjunto de pessoas). “O método quantitativo nos ajuda a compreender o fenômeno a partir dos números. Vamos quantificar essa questão da desigualdade de gênero com uma mostra representativa que irá retratar o todo. É um padrão que utilizamos. Também vamos aplicar questionários com educadoras (es)  e gestoras (es) escolares. O resultado do método quantitativo será apresentado através de gráficos”. Já sobre o método qualitativo a pesquisadora esclarece: “O método qualitativo nos auxilia na compreensão da complexidade do fenômeno, no intuito de entender o que causa esse abandono. Vamos utilizar dois tipos de coleta: grupo focal com meninas de 12 a 14 anos que estão matriculadas em suas escolas e outro com as meninas que já se desvincularam do ambiente escolar ao longo do Fundamental II”. Por conta da pandemia da Covid-19, cada grupo focal será formado por 08 meninas e a mediação, tendo 12 pessoas. Ao todo, distribuídas (os) nas três escolas municipais serão 180 meninas, 48 docentes e 12 gestoras (es).


Eulália Maria da Silva, gestora da Escola Evangelina Delgado Albuquerque, trouxe sua experiência durante o encontro: “Eu tenho muito interesse em ouvir as nossas estudantes. Estamos fazendo duas vezes por semana uma roda de conversas com as alunas a partir dos primeiros contatos que tive com Paula (Paula Ferreira, pedagoga do Cendhec e articuladora política do projeto “Na Trilha”). Estamos conversando a partir do livro de Malala. Muitas meninas não queriam continuar depois do 9° ano, mas agora, depois das trocas, já percebo que estão com outra visão”. E completa: “Estou sentindo que esse projeto vai gerar uma transformação muito positiva na vida de nossas meninas.” Já a professora Dábila, da escola Cecília Maria acrescentou: “Nossa escola teve uma experiência muito potente, através de uma disciplina eletiva que tratava do tema ‘empoderamento feminino’. Trouxemos a questão da atualização das narrativas dos contos de fadas. As meninas perceberam o quanto as “princesas” mudaram , não precisam de um príncipe. Foi muito rico para elas, inclusive para os meninos, que também integraram o projeto”.


A pedagoga do Cendhec,  Paula Ferreira, ressaltou os desafios de implementar um projeto como esse num cenário pandêmico: “As adolescentes estão em situação desgastante, em perceptível desigualdade com os meninos, inclusive no acesso à tecnologia; em pouco mais de um ano a pandemia deixou isso ainda mais evidente. Estão cada vez mais assumindo os trabalhos de cuidados domésticos em casa e tentando permanecer  na escola. Elas têm muito o que falar. São muitas vidas precarizadas nesse contexto, especialmente as meninas negras e periféricas”. Paula é mulher negra, moradora da Bomba do Hemetério, bairro da zona norte do Recife. É uma das 58 ativistas pela educação no mundo escolhida pelo Fundo Malala e integrante do comitê pernambucano da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.


Segundo dados do PNAD  de 2020, a evasão escolar  tem uma incidência mais elevada  durante a passagem do ensino fundamental para o médio, comprometendo drasticamente a vida de meninas entre 15 e 19 anos. As razões mais apontadas para essa evasão escolar são: a necessidade de trabalhar (39,1%); gravidez na adolescência (23,8%) e afazeres domésticos (11,5%). No Brasil, em dados divulgados pelo Fundo Malala, pelo menos 1,5 milhão de meninas ainda estão fora da escola, sem educação, devido à pobreza, racismo e exploração.

 
 
 

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