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Cendhec apresenta pesquisa "Na Trilha da Educação" à Igarassu


“Estamos prontas (os) para contribuir”. Foi com essas palavras que Eunice Bezerra, gestora da Escola Municipal Pastor Isaías, em Igarassu, deu suas boas vindas, no último dia 05, quarta-feira, durante a apresentação da pesquisa do projeto “Na Trilha da Educação. Gênero e Políticas Públicas para Meninas”, realização do Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social com apoio do Fundo Malala, instituição que atua em 8 países e apoia 53 organizações que desenvolvem projetos voltados à defesa da Educação de meninas. Eunice, assim como a estudante Ingrid e mais outras (os) participantes, entre gestoras (es), professoras (es)  de três escolas da rede municipal: Escola Cecília Maria, Escola Evangelina Delgado Albuquerque e Escola Municipal Pastor Isaías, acompanharam e trouxeram para o Cendhec suas percepções e contribuições para as próximas etapas da pesquisa. Em virtude da pandemia Covid-19, seguindo os protocolos sanitários, o encontro aconteceu de forma online, pela plataforma Google Meet.


O projeto “Na Trilha da Educação” Compreende meninas como sujeitos políticos e de direitos e faz da escuta das suas vozes o principal elemento para influenciar políticas públicas que enfrentem as desigualdades de gênero, raça e classe social no ambiente escolar nas redes públicas municipais de ensino das cidades de: Igarassu, Recife e Camaragibe. A efetivação da iniciativa é feita por meio de uma pesquisa que pretende ouvir as estudantes na faixa etária entre 12 e 14 anos, vinculadas ao Fundamental II. O resultado do estudo será acessado através de uma publicação que ainda inclui formação e ações de comunicação.


No início da apresentação, Michela Albuquerque, coordenadora do projeto “Na Trilha” trouxe para as (os) participantes os principais sentidos que norteiam o trabalho: “O projeto nasce e se realiza a partir dessa escuta (das meninas). Essa é nossa mística política, o que nos move. Outro movimento importante é reconhecer no  ambiente escolar um espaço importante de proteção e promoção das crianças e adolescentes, na garantia de seus direitos. Ouvir as meninas é construir junto com a escola, com todo corpo técnico profissional. Queremos uma escola mais acolhedora, inclusiva, e não existe justiça sem a presença da igualdade de gênero, de raça e classe social”.


A reunião seguiu com a pesquisadora do projeto, Fernanda Meira,  trazendo os objetivos do estudo: “Queremos investigar os impactos da desigualdade de gênero na vida escolar das meninas. Como esses impactos as  influenciam na desistência de estudar. Em que medida essa desistência  é marcada pelas desigualdades de gênero. Os meninos também abandonam , mas será que pelos mesmos motivos que as meninas?”.


Fernanda também explicou que a pesquisa se aplica através de dois métodos: quantitativo e qualitativo. No primeiro serão aplicados questionários estruturados e fechadas e o segundo terá a formação de grupos focais (entrevistas e interação com um conjunto de pessoas). “O método quantitativo nos ajuda a compreender o fenômeno a partir dos números. Vamos quantificar essa questão da desigualdade de gênero com uma mostra representativa que irá retratar o todo. É um padrão que utilizamos. Também vamos aplicar questionários com educadoras (es)  e gestoras (es) escolares. O resultado do método quantitativo será apresentado através de gráficos”. Já sobre o método qualitativo a pesquisadora esclarece: “O método qualitativo nos auxilia na compreensão da complexidade do fenômeno, no intuito de entender o que causa esse abandono. Vamos utilizar dois tipos de coleta: grupo focal com meninas de 12 a 14 anos que estão matriculadas em suas escolas e outro com as meninas que já se desvincularam do ambiente escolar ao longo do Fundamental II”. Por conta da pandemia da Covid-19, cada grupo focal será formado por 08 meninas e a mediação, tendo 12 pessoas. Ao todo, distribuídas (os) nas três escolas municipais serão 180 meninas, 48 docentes e 12 gestoras (es).


Eulália Maria da Silva, gestora da Escola Evangelina Delgado Albuquerque, trouxe sua experiência durante o encontro: “Eu tenho muito interesse em ouvir as nossas estudantes. Estamos fazendo duas vezes por semana uma roda de conversas com as alunas a partir dos primeiros contatos que tive com Paula (Paula Ferreira, pedagoga do Cendhec e articuladora política do projeto “Na Trilha”). Estamos conversando a partir do livro de Malala. Muitas meninas não queriam continuar depois do 9° ano, mas agora, depois das trocas, já percebo que estão com outra visão”. E completa: “Estou sentindo que esse projeto vai gerar uma transformação muito positiva na vida de nossas meninas.” Já a professora Dábila, da escola Cecília Maria acrescentou: “Nossa escola teve uma experiência muito potente, através de uma disciplina eletiva que tratava do tema ‘empoderamento feminino’. Trouxemos a questão da atualização das narrativas dos contos de fadas. As meninas perceberam o quanto as “princesas” mudaram , não precisam de um príncipe. Foi muito rico para elas, inclusive para os meninos, que também integraram o projeto”.


A pedagoga do Cendhec,  Paula Ferreira, ressaltou os desafios de implementar um projeto como esse num cenário pandêmico: “As adolescentes estão em situação desgastante, em perceptível desigualdade com os meninos, inclusive no acesso à tecnologia; em pouco mais de um ano a pandemia deixou isso ainda mais evidente. Estão cada vez mais assumindo os trabalhos de cuidados domésticos em casa e tentando permanecer  na escola. Elas têm muito o que falar. São muitas vidas precarizadas nesse contexto, especialmente as meninas negras e periféricas”. Paula é mulher negra, moradora da Bomba do Hemetério, bairro da zona norte do Recife. É uma das 58 ativistas pela educação no mundo escolhida pelo Fundo Malala e integrante do comitê pernambucano da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.


Segundo dados do PNAD  de 2020, a evasão escolar  tem uma incidência mais elevada  durante a passagem do ensino fundamental para o médio, comprometendo drasticamente a vida de meninas entre 15 e 19 anos. As razões mais apontadas para essa evasão escolar são: a necessidade de trabalhar (39,1%); gravidez na adolescência (23,8%) e afazeres domésticos (11,5%). No Brasil, em dados divulgados pelo Fundo Malala, pelo menos 1,5 milhão de meninas ainda estão fora da escola, sem educação, devido à pobreza, racismo e exploração.

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