27 de maio: 52 anos da morte de Padre Antonio Henrique, assessor de Dom Helder
Há 52 anos uma multidão se dirigia da Matriz do Espinheiro ao cemitério da Várzea. Pelo menos 8 mil pessoas acompanhavam o caixão do Padre Antonio Henrique Pereira Neto, morto aos 28 anos pelo Regime Militar. Após ter sido sequestrado na noite de 26 de maio de 1969, seu corpo foi encontrado no dia 27, em uma avenida da Cidade Universitária, no Recife, com sinais de tortura.
Assessor de Dom Helder Camara, que dedicava a vida aos pobres e oprimidos pela Ditadura, o Padre comungava da mesma missão de fé e justiça. À época, ele era o responsável pela Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Olinda e Recife e passava suas tardes com as/os jovens que o procuravam para discutir temas e tirar dúvidas sobre os momentos em que viviam; além de intermediar conversas entre pais e filhos, para melhorar a convivência nos lares.
“Sua postura era de aceitação (tão importante nesta idade) e sua linguagem era a nossa. Era jovem também. Favorecia as relações e a exposição sadia de cada um no grupo. Nossas vozes eram ouvidas e repercutiam. Sentíamos pertencendo a algo que nós mesmos criávamos. Era com este sentimento que estávamos sendo direcionados, de forma muito inteligente, a não nos envolver com álcool e drogas e a repensar temas que nos cercavam, como: as relações interpessoais, com outras gerações, temas sociais como a prostituição, etc”, diz a psiquiatra Lavínia Lins, integrante do grupo de jovens guiado por Padre Henrique, em carta. O documento foi lido durante a Comissão da Verdade e da Memória Dom Helder Camara – Pernambuco, em 2012. “Ao mesmo tempo nos oferecia a Igreja Católica, não apenas na vivência dos encontros, mas através de uma missa descontraída, onde se tocava violão e cantava. Cada etapa era explicada. A missa agora era “prazerosa”. Um clima de informalidade e participação, incluindo as nossas realidades na própria celebração. Tudo era muito real e próximo, assim como as relações que se estabeleciam com amizades que duram até hoje, apesar da distância, namoros que evoluíram para casamentos que se mantêm. Henrique nos mostrava uma forma nova de nos relacionar conosco mesmos, com o outro, com o mundo”.
Esse tipo de aproximação do Padre e de Dom Helder com a sociedade foi lida como um ataque ao regime da época. Por falar sobre direitos, deveres e cidadania, ambos foram enxergados como comunistas. A morte de Antônio Henrique veio como um recado direto a Dom Helder e aos que o seguiam: queriam calar sua voz. Nem mesmo em seu velório os militares deram um passo atrás. Policiais invadiram o cortejo para prender personalidades como o deputado federal cassado Oswaldo Lima Filho, e arrancaram faixas conduzidas pelas lideranças estudantis com os dizeres “Os militares mataram Padre Henrique”. Durante o enterro, o cemitério estava cercado por forças militares, afim de impedir qualquer manifestação. Como resposta, Dom Helder ofereceu o silêncio, “um silêncio que grita”.
Hoje, os restos mortais do padre Antônio Henrique estão na igreja catedral, em Olinda, ao lado de seus dois grandes mentores, Dom Hélder Câmara e Dom Lamartine Soares. Seu nome também foi perpetuado na Escola de Formação das Juventudes da Arquidiocese e na Fazenda da Esperança de Jaboatão dos Guararapes.
O Cendhec
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