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  • Michela Albuquerque

Equipe do Cendhec celebra parceria com o Fundo Malala e Paula Ferreira como ativista e defensora da


“Fui a primeira da minha família, materna e paterna, a concluir a educação básica e um curso superior. E entendo que esta é uma realidade que não podemos naturalizar se, de fato, quisermos fazer da educacão, no nosso país, um direito de todes - olhando com especial atenção a condição de acesso e permanência de meninas sobretudo aquelas mais vulnerabilizadas: as meninas negras, das periferias urbanas e rurais. Luto por isso!”

Paula Ferreira, mulher negra moradora da Bomba do Hemetério, Recife. Pedagoga do Cendhec, integrante da Rede de Ativistas Pela Educação do Fundo Malala.

No momento em que nos tornamos parceiros do Fundo Malala - instituição que apoia 53 organizações e 58 ativistas em 8 países - nós, do Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social, estamos felizes pela luta de Paula Ferreira encontrar lugar, acolhida e sinergia política com a trajetória de 30 anos do Cendhec pela defesa dos direitos de crianças e adolescentes e pelo direito à cidade. Enquanto coletivo institucional, conceber e amparar a realização do projeto Na Trilha da Educação. Gênero e Políticas Públicas para Meninas reforça nosso compromisso com o direito à educação pública, gratuita e de qualidade. Nos desafia a assumir o enfrentamento às desigualdades de gênero, atravessadas pela raça e classe, compreendendo como se dá, se perpetua e como afeta a vida e o pleno desenvolvimento de meninas. Compromissos que já perpassam outras iniciativas na nossa organização e que, com o projeto, se ampliam e, simultaneamente, nos fortalecem para uma atuação e intervenção social transformadora.

Por meio de uma pesquisa, ouvindo prioritariamente meninas dos 12 a 14 anos, estudantes de escolas públicas do Recife, Igarassu e Camaragibe, Na Trilha da Educação... aborda as desigualdades de gênero no ambiente escolar e norteia sua realização a partir da questão: como essas desigualdades se manifestam, como são percebidas por cada menina e o quanto impactam no acesso, permanência e qualidade da sua educação e vivência escolar? Articular uma ampla rede de atores políticos, como o sistema de garantia de direitos, gestores municipais, legislativos, conselhos de educação e trazer respostas em forma de políticas públicas: este é o projeto que faremos juntos!

Comemoramos a parceria com o Fundo Malala ao passo que olhamos com preocupação o cenário da educação no nosso país e, em específico, no nosso estado, as imensas desigualdades e discriminações educacionais que a pandemia fez ver, e por vezes agravou, se pensamos as infâncias, adolescências e juventudes vulnerabilizadas. Neste sentido, o fato de Paula Ferreira, com o Projeto Na Trilha da Educação. Gênero e Políticas Públicas para Meninas, passar a compor a Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala, com outras/os ativistas e organizações sociais que a integram, nos coloca em uma perspectiva de atuação e intervenção pública coletiva - dimensão tão necessária frente ao contexto político e sanitário no qual estamos imersos. Frente ao nosso próprio processo histórico que ainda tem nos legado um presente de desigualdades e exclusões.

De fato é necessário dar as mãos, pensar juntos, agir coesos - mesmo que diversos em realidades sócio-políticas, territoriais, institucionais - para garantir os 12 anos de educação básica aos quais todas as crianças e adolescentes deveriam ter assegurados. No Brasil, em dados divulgados pelo próprio Fundo Malala, 1,5 milhão de meninas ainda estão fora da escola, sem educação por causa do racismo, exploração e pobreza. Em nosso estado, e em específico nos municípios nos quais atuaremos com o Projeto Na Trilha da Educação... dados desagrupados que registrem acesso e permanência de meninas, observando raça e etnia, quase nunca estão disponíveis/acessíveis.

Assim, pesquisar e compreender as atitudes, a amplitude e as estruturas que sustentam as desigualdades de gênero desde a infância e adolescência, para, de forma situada e estratégica, incidir em políticas públicas que as enfrentem, nos leva a reivindicar meninas como sujeitos de direitos, a falar, portanto, em direitos de meninas. E também nos leva ao espaço escolar.

Para Vera Orange, Coordenadora Geral do Cendhec, “é muito importante reconhecer o papel da Escola nas diferentes dimensões da vida de crianças e adolescentes, inclusive o papel protetivo, mas é importante também refletir sobre este espaço que, não sendo apartado da sociedade, pode reproduzir e reforçar desigualdades.”

Ao mesmo tempo, é também na escola, onde se podem criar possibilidades de reação e de enfrentamentos. “Uma força do Projeto na Trilha da Educação é fazer isso a partir da voz, e das reflexões e elaborações das próprias meninas sobre o que vivenciam e como vivenciam este espaço: o que as oprime, o que as fortalece. Ao pensarem a sua condição e poderem falar sobre ela nos dão suporte, e base, para transformarmos essas leituras em elementos que influenciem políticas públicas, e o Cendhec se coloca com muito compromisso nessa mediação e nesse fazer junto com as meninas” reforça a Coordenadora.

O coletivo que integra o Cendhec, saúda as instituições parceiras, apoiadas pelo Fundo Malala nos outros países, no Brasil e aqui no Recife e sua região metropolitana, e finaliza com o que nos diz Paula Ferreira: “a ausência ou a precária presença de políticas públicas em educação tornam vulneráveis as adolescentes. Diante desse cenário que se repete há anos acho bastante relevante fortalecê-las para que conheçam seus direitos e que possam criar uma rede de autoproteção. A discussão sobre gênero é fundamental para que rompamos com essa cultura excludente. “

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