Cendhec faz lançamento da nova Campanha pelos Bons Tratos.
Revista em quadrinhos sobre o tema é lançada. Ações estarão sendo desenvolvidas em comunidades do Recife para chamar a atenção para a prevenção contra a violência doméstica e sexual sofrida por crianças.
O Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social - Cendhec, lançou nesta quinta-feira (13 de julho, data que celebra os 27 anos de criação do Estatuto da Criança e do Adolescente), a 10ª edição da Campanha pelos Bons Tratos de Crianças e Adolescentes.
A atividade contou com a realização de uma Roda de Diálogo, com participação de especialistas que debateram o tema. O evento contou com a participação da professora e coordenadora do Grupo de Estudos de Políticas para a Criança e Adolescente (Gecria) da UFPE, Valeria Nepomuceno, que abordou a questão da violência doméstica. A psicóloga Ana Paula Pimentel, do Programa de Direitos da Criança e do Adolescente do Cendhec, explicou sobre a Autoproteção de Crianças na prevenção da violência.
O evento contou ainda com falas de Giovani Santoro, da Polícia Federal, que abordou os crimes contra a criança na internet e a representante do Canal Futura, Cinthia Sarinho, que falou sobre o projeto Crescer sem Violência.
Este ano, a campanha traz o tema da Autoproteção para prevenção dos riscos da violência sexual contra nossas crianças e adolescentes. Diversas ações estarão sendo realizadas pelo Cendhec, além do lançamento de uma Revista em Quadrinhos, em que a personagem principal da campanha, Florisbela Sorriso, acaba se envolvendo em uma situação de risco de violência sexual.
AÇÕES DA CAMPANHA
Para a campanha, o Cendhec estará desenvolvendo atividades que vão alcançar comunidades do Recife. O lançamento da Campanha nas comunidades acontecerá nos espaços das instituições parceiras e será voltado para as 300 crianças e adolescentes atendidos/as.
A programação prevê as seguintes atividades: contação de estória e jogos e brincadeiras sobre Autoproteção. No dia 19 de julho, a atividade será desenvolvida na sede do Instituto Medianeiras da Paz (ISMEP), no bairro do Pina. No dia 9 de agosto, a campanha chega à Escola EREM Clotilde de Oliveira, em Casa Amarela. E no dia 15 de agosto, a atividade será realizada no Lar Fabiano de Cristo, na Várzea.
REVISTA EM QUADRINHOS
A principal peça de divulgação da campanha é a revista em quadrinhos “A Máquina da Transmutação: Construindo a cultura da Autoproteção”. A estória apresenta a personagem Florisbela Sorriso relembrando uma situação em que ela foi assediada por um adulto, mas que através da autoproteção, conseguiu se prevenir do risco de sofrer violência sexual.
Crianças e adolescentes que participam das Oficinas Pedagógicas do projeto Teia de Proteção, contribuíram na construção do roteiro da história, através de oficinas temáticas realizadas no Cendhec. A revista é um convite para todos e todas participarem de mais uma aventura, com passagens interessantes e curiosas que vão deixar crianças, adolescentes e as comunidades muito envolvidas pela história.
O Cendhec desenvolve a Campanha pelos Bons Tratos de Crianças e Adolescentes através do projeto Teia de Proteção, desenvolvido com o apoio da organização alemã Kinder Not Hilfe – KNH. Esse projeto é voltado para a defesa jurídica com atendimento e acompanhamento psicossocial para crianças adolescentes e jovens que estão em risco ou foram vítimas de violência doméstica e sexual e, suas comunidades. A campanha tem a parceria ainda das organizações Pão para o Mundo (Brot für die Weit) e OAK Foundation.
SOBRE AUTOPROTEÇÃO
Conceitualmente, a autoproteção são pequenas atitudes que as pessoas tomam no dia a dia para assegurar sua segurança. São medidas simples, mas que no conjunto conseguem inibir a ação/violência de uma pessoa agressora. Com a criança e o/a adolescente é fundamental se trabalhar a autoproteção para que consigam compreender a situação de risco e, assim, criar situações que irão inibir o agressor adulto de cometer a violência.
Segundo a psicóloga do Cendhec, Ana Paula Pimentel, não se faz autoproteção de crianças e adolescentes se não começar a trabalhar o conhecimento. “Se eu não levo informação para essa criança ela não vai se autoproteger de qualquer situação. Essa autoproteção não é apenas para que a criança saiba exatamente entender o contexto da violência, mas também para se criar uma cultura preventiva.”
Para Ana Paula, o conhecimento passa por três pontos fundamentais: fazer a criança se entender como um sujeito de direitos; fazer ela entender o que é violência; e ter o entendimento de que a criança tem a sua sexualidade e que ela não é a mesma de um adulto.
Segundo a psicóloga não significa que a Autoproteção vai acabar com a violência, porque existe uma relação de “poder” entre um adulto e a criança e que muitas vezes não se tem como evitar. “Mas, se a criança ou adolescente souber se autoproteger, diferenciando, por exemplo, um toque anormal do gesto carinho normal, a chance de ocorrer a violência é bem menor”.
Estatísticas mostram que uma criança que passou por uma oficina sobre medidas autoprotetivas, tem 6 (seis) vezes mais chances de se proteger da violência sexual. “Isso porque ela vai saber o lugar do corpo em que não pode ser tocado e saber para quem e onde pedir ajuda. Se a criança não receber esse tipo de informação, terá mais dificuldades para fazer isso”.
Porque é tão importante trabalhar a autoproteção com crianças e adolescentes. Um estudo do ano de 2009 do Unicef aponta que mais de 150 milhões de meninas e 73 milhões de meninos que já sofreram violência sexual no mundo, incluindo o abuso (satisfação ou prazer do adulto agressor) ou a exploração (satisfação financeira rentável sendo o corpo da criança a moeda de troca).
Em 2011, a organização não governamental Save the Children informou em um evento internacional, que no Brasil a região Nordeste tem o maior foco de casos de abusos contra crianças e adolescentes e Pernambuco é o campeão no ranking de casos registrados.
Confira as fotos!
Fotos: Paulo Lago!